Podemos dizer que o Símbolo é
a linguagem do mistério, ou seja, a comunicação do mistério. Os Símbolos na
Liturgia contém, ocultam, e ao mesmo tempo revelam e comunicam o mistério. Por
isso dizemos que na Liturgia todos os Sinais são Sinais Simbólicos, e serão
Sinais Litúrgicos na medida em que forem capazes de ocultar, conter, revelar e
comunicar os mistérios de Cristo.
“Água”
O Símbolo Batismal mais importante é a “Água”. No início do mundo o Espírito de Deus pairava sobre as águas, das quais emergem
a terra e todos os seres vivos. À semelhança do que aconteceu na criação, das
águas do Batismo santificadas pelo Espírito Santo emerge uma nova criatura. A
Mãe Igreja, pelas águas do Batismo, fecundadas pelo Espírito Santo, dá à luz
novos filhos. Jesus fala deste novo nascimento no diálogo com Nicodemos. (Jo 3,
1-13)
A imagem do dilúvio e do Mar Vermelho confere outro
significado à água do Batismo: a água destrói, mata, mas ao mesmo tempo é meio
de salvação. Como as águas do dilúvio submergiram um mundo pecador, e como as
águas do Mar Vermelho afogaram a cavalaria do Faraó que perseguia o povo que
fugia da escravidão, assim também as águas batismais destroem o pecado, afogam
o inimigo, exterminam e cancela o mal.
A destruição por sua vez é via para a libertação. No
dilúvio foram poupados os justos; e das águas do Mar Vermelho saiu um povo
livre e em festa. Da mesma forma, das águas do Batismo sai uma pessoa
purificada das culpas, libertada da escravidão do pecado e do demônio (terá as
tentações do maligno como todas as criaturas, mas não será escravo de satanás).
Assim, a “Água” é apenas um Símbolo, ela não tem a
força e nem o poder de purificar o pecado. É o Espírito Santo que nela atua em
todos os acontecimentos e no momento do Batismo, Ele, com a força e o poder
Divino destrói todo o mal que existe e proporciona a alegria de uma nova vida.
“Sinal da Cruz”
Após o diálogo introdutório em que os Pais pedem o
Batismo para a criança, o sacerdote convida-lhes a traçarem o “Sinal da Cruz”
na fronte da criança. Este gesto tem grande significação. Ele quer exprimir o
primeiro encontro da criança com a fé em Jesus Cristo e na Salvação pela morte
redentora do Senhor na Cruz. Porque foi pela morte Dele que nos reconciliamos
com o Pai Eterno e fomos inseridos na amizade da Santíssima Trindade. O Sinal
da Cruz relembra esta verdade histórica.
Assim, convidando os Pais a realizarem aquele gesto,
o sacerdote está dizendo que a salvação de Deus vem à criança através da fé dos
pais, pois eles, pelo Sacramento do Matrimônio, são constituídos mediadores
entre Deus e o filho, exercendo a função sacerdotal. Os Pais receberam de Deus
pela própria missão criadora e pela graça do Sacramento do Matrimônio, o poder
de abençoar os filhos. Por isso, eles são convidados por Deus a adquirirem o
costume de abençoarem os seus filhos enquanto pequenos e quando crescidos.
“Anúncio da Palavra de Deus”
Ela ilumina com a verdade revelada os candidatos e a
assembléia, suscitando uma resposta de fé. Como o Batismo significa libertação
do pecado e do demônio, durante a celebração o celebrante pronuncia um ou
vários exorcismos sobre o candidato.
“Unção com Óleo”
Há dois ritos de Unção no Batismo. A primeira “Unção”
é feita antes da “infusão da água”, durante as preces
após a Liturgia da Palavra. É a Unção com óleo chamado dos Catecúmenos. O
sacerdote unge o peito da criança, dizendo: “O Cristo Salvador te dê sua força.
Que ela penetre em tua vida como este óleo em teu peito”.
Este rito pode ser substituído por uma imposição das mãos do celebrante, sobre
a cabeça da criança, dizendo as palavras: “O Cristo Salvador te dê Sua força”.
É uma invocação ao Espírito Santo para que o batizando renuncie ao mal e faça
uma boa profissão de fé.
Na parte final do Batizado é feita a segunda “Unção
com Óleo da Crisma”. No Antigo Testamento era comum ungir os sacerdotes, reis e
profetas. Também Cristo foi ungido pelo Espírito Santo de um modo muito
especial. Então esta Unção quer significar que pelo Batismo nos tornamos
participantes do poder messiânico de Jesus. E também, conforme a primeira
epístola de São Pedro (1 Pedr 2, 9-10) nos tornamos raça eleita com Cristo,
reis (rainhas), sacerdotes (sacerdotisas) e profetas (profetisas).
Profetas, porque participantes da salvação em
Cristo, que deveremos anunciar a humanidade por palavras e exemplos de vida.
Mostrar que Deus é Amor através do verdadeiro amor pessoal. Tornamo-nos
sacerdotes. Não possuímos o sacerdócio ministerial com o poder de fazer a
Consagração na Santa Missa. Mas nos tornamos participantes do sacerdócio de
Jesus, pois participamos do novo povo de Deus na Nova Aliança, sendo assim,
parte de um povo sacerdotal capaz de oferecer sacrifícios com Cristo. Isto
porque, recebemos nossa vida como precioso dom de Deus e assim, devemos
oferecê-la em retribuição, em ação de graças ao Criador. Todo cristão pode e
deve, em sua vida, orientar todas as coisas para Deus.
Por fim, pelo Batismo nos tornamos reis, possuidores
do Reino de Deus. Com Jesus vencemos a morte e o pecado e podemos participar da
própria vida de Deus.
“Veste Branca”
Entre os gestos
complementares do Batismo encontramos a entrega da veste branca. Este gesto tem
sua origem no Batismo dos Adultos na Igreja primitiva. Ao chegarem à fonte,
antes de descerem à água, as pessoas se despiam de suas vestes e eram ungidas.
Após professarem sua fé e serem batizadas na piscina, saíam da água e eram
revestidas de uma veste branca, simbolizando uma vida nova, despidos de seus
pecados e paixões, tornando-se uma criatura nova em Cristo.
A veste branca ou a veste nova no Batismo quer
expressar que pelo Sacramento entramos numa nova vida e esperamos levar esta
nova vida até a participação do banquete celestial, onde o Senhor nos quer
encontrar com a veste nupcial da amizade de Deus.
“A Vela Acesa”
É um gesto muito significativo. Na cerimônia do
Batizado, o celebrante convida os Pais a acenderem no Círio Pascal a vela da
sua criança e ele reza a oração: “Pais e Padrinhos, esta luz vos é entregue
para que a alimenteis. Por isso, esforçai-vos para que esta criança caminhe na
vida iluminada por Cristo, como filho da luz. Perseverando na fé, possa com
todos os santos ir ao encontro do Senhor, quando Ele vier. Recebei a luz de
Cristo!”
Pelo Batismo somos iluminados, participamos da Luz
que é Cristo. Não mais andamos nas trevas, pois somos filhos de Deus. A vela
acesa pode significar também a nossa fé. Ela mantendo-se acesa mostra que não
caminhamos nas trevas do inimigo.
Os Pais se tornam responsáveis para que a criança se
torne luz para os outros em sua vida.
“Rito do Éfeta”
É um rito facultativo, realizado logo após a entrega
da vela acesa. É uma palavra aramaica que significa “abre-te”. O Celebrante
toca os ouvidos e a boca da criança, dizendo: “O Senhor Jesus que fez os surdos
ouvir e os mudos falar, te conceda que possas logo ouvir a sua palavra e
professar a fé, para louvor e glória de Deus Pai”.
Pelo Batismo, o Senhor através do Espírito Santo,
abre os ouvidos do batizando para que ouça e entenda a Palavra de Deus, solta a
sua língua e lhe abre a boca para poder professar a sua fé. Os Pais são os
instrumentos desta mensagem, que por sua mediação deverão fazê-la chegar às
crianças. Na continuidade, os filhos atingindo o uso da razão poderão dizer: agora
eu creio, porque eu mesmo conheço o Senhor Jesus Cristo.
“O Sal”
Na vida das famílias o Sal tem duas grandes
finalidades: “dar sabor” e “conservar” os alimentos. Como Símbolo religioso o
Sal significa: “ser o tempero, ser o exemplo” que estimulará os irmãos a
caminhar na estrada do direito, da justiça e do amor fraterno; “dando sabor” ao
apetite humano, para ter fome da Palavra de Deus.
Todavia, o novo Rito do Batismo de Crianças aboliu o
Rito do Sal. A razão principal foi por motivo higiênico.
Como derradeira notícia, no Catecismo da Igreja
Católica está escrito: “Jesus mesmo afirma que o Batismo é necessário para a
salvação”. Tanto é verdade que Ele ordenou a seus Discípulos que anunciassem o
Evangelho e batizassem todas as nações conforme está escrito no Novo Testamento
(Mt 28, 18-20)(Mc 16, 15-16) (Lc 24, 46-47).
A Igreja não conhece outro meio senão o Batismo para garantir êxito aos que
querem entrar na bem-aventurança eterna.